Denúncia por roubo de jóias pode ser ainda pior para a imagem de Bolsonaro 

Durante as campanhas eleitorais de 2018 e de 2022, e também nos quatro anos de seu mandato, Bolsonaro se vendeu como um “homem comum” que representaria os interesses do povo mais do que os políticos profissionais. Claro que era uma construção, uma vez que ele, um político profissional, especializou-se em ficar rico dando à luz funcionários fantasmas nos gabinetes da família e ficando com parte de seu salário.

Mas esse personagem convenceu muita gente. Afinal, ele aparecia em vídeos oferecendo pão com leite condensado ao representante do governo dos Estados Unidos, deixando cair a farofa do frango sobre sua roupa, fazendo lives improvisadas com bandeiras coladas à parede com fita crepe, cometendo erros de português frequentes entre o povão para gerar empatia ao ser ridicularizado pela elite intelectual – que sempre cai em suas armadilhas.

Quando esse personagem for denunciado pela PGR em um esquema que envolveu almirantes, sargentos, tenentes, coronéis e até um general para importar ilegalmente joias dadas de presente ao Brasil, depois usar todo o peso do governo fim de pressionar auditores da Receita Federal a liberarem a carga, daí mandar para fora e vendê-la, o impacto nessa imagem será sentido.

Como Jair Bolsonaro, que se vendia como um “homem comum”, um “homem do povo”, pode surrupiar joias de luxo que pertenciam ao governo brasileiro, vender para os ricos e ficar com o dinheiro, e ainda por cima sacar dinheiro do cartão corporativo para pagar coisas da esposa ou bancar sua própria campanha?

Claro que, para o cidadão Bolsonaro, ser réu por tentativa de golpe é bem pior do que por roubo porque isso pode levá-lo à cadeia por décadas. E ele já demonstrou que não tem a mesma estrutura psicológica que outros políticos que foram presos para suportar a cana. Ele preso por golpe pode se vitimizar como mártir. E preso por roubar joias ou por usar a grana do povo, via cartão corporativo, para pagar o pet shop da esposa?

noticia por : UOL