O que é o Rumble, a rede social que processa Alexandre de Moraes nos EUA


Plataforma é semelhante ao YouTube e passou a ser bastante popular entre conservadores a partir de 2021, após a invasão do Capitólio nos EUA por apoiadores de Trump. Rumble é uma plataforma de vídeos semelhante ao YouTube que passou a ser bastante popular entre conservadores nos EUA a partir de 2021
Reprodução
A plataforma de vídeos Rumble apresentou à Justiça dos Estados Unidos uma ação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O processo foi aberto em conjunto com o grupo de comunicação Trump Media & Technology Group, do presidente dos EUA, Donald Trump.
As empresas acusam Moraes de censura e pedem que ordens do juiz brasileiro para derrubada de contas de usuários do Rumble não tenham efeito legal nos EUA.
O Rumble é uma plataforma de vídeos similar ao YouTube, do Google, inclusive no visual.
Lançada em 2013, a rede social é bastante popular entre conservadores nos EUA. Ela diz que sua missão é “proteger uma internet livre e aberta” e já se envolveu em diversas controvérsias.
A plataforma tem negócios com o grupo de comunicação de Trump e também já recebeu investimentos de pessoas próximas do republicano, inclusive o atual vice-presidente dos EUA, J.D. Vance.
Em protesto contra ordens de Moraes, o Rumble saiu do ar no Brasil em 2023 e retornou neste mês.
Começo com virais de gatinhos
Uma reportagem do New York Times de 2024 apontou que o Rumble começou como uma plataforma onde circulavam principalmente vídeos virais de gatinhos.
A guinada aconteceu com o episódio da invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, por apoiadores de Trump. Eles queriam impedir a cerimônia de certificação de Joe Biden, que derrotou o republicano nas eleições de 2020. O resultado era contestado por Trump, sem provas.
Por ter usado as redes sociais para incentivar a invasão no 6 de janeiro, Trump acabou suspenso das principais plataformas, após intensa pressão da opinião pública.
Depois disso, e também por conta da pandemia, redes sociais como o então Twitter e o YouTube passaram a reprimir com mais frequência conteúdos que violavam suas regras, e muitos usuários migraram para outras plataformas, como o Rumble — incluindo Trump.
O Rumble, “rapidamente, abraçou seu novo papel como um refúgio de ‘liberdade de expressão’ — e viu sua avaliação subir para meio bilhão de dólares praticamente da noite para o dia”, diz a reportagem do NY Times.
O texto diz ainda que, assim que Trump foi eleito para voltar à presidência neste ano, influencers lotaram a plataforma com a frase “Somos a mídia agora”.
Em 2022, o Rumble tentou contratar um dos principais nomes dos conservadores na mídia, Joe Rogan. Com milhões de visualizações por episódio, o podcast do apresentador é um dos maiores do mundo e tem exclusividade com o Spotify.
Durante a pandemia, o Spotify sofreu pressão para punir Rogan por divulgar desinformação sobre a Covid e usar termos racistas no podcast. Foi nessa época que o CEO do Rumble fez uma oferta para o apresentador levar seu programa para a rede de vídeos.
“Caro Joe, nós estamos com você, seus convidados e sua legião de fãs que querem conversas reais”, postou Chris Pavlovski.
“Que tal trazer todos os seus programas para o Rumble, tanto os antigos quanto os novos, sem censura, por US$ 100 milhões ao longo de quatro anos?”, completou.
Christopher Pavlovski, CEO do Rumble, postou foto na Casa Branca em meados de fevereiro
Reprodução/Instagram
Em outro episódio polêmico, em 2023, a plataforma se negou a atender ao Parlamento britânico e interromper a monetização do canal de Russell Brand. O comediante e ex-marido da cantora Katy Perry estava sendo acusado por quatro mulheres de uma série de agressões sexuais.
Segundo a Reuters, Pavlovski disse que, “embora possa ser politicamente e socialmente mais fácil para o Rumble se juntar a uma multidão da cultura de cancelamento”, fazer isso seria uma violação dos valores e da missão da empresa.
Brand se tornou réu neste mês, em Londres.
Fora do ar no Brasil em 2023
A Reuters reporta que, em 2023, a Rumble desabilitou o acesso de usuários no Brasil, citando ordens judiciais para “remover certos criadores”, o que prometeu contestar.
Em 2024, o STF rejeitou uma série de recursos de plataformas digitais contra decisões de Moraes que determinaram o bloqueio de contas de investigados que fizeram postagens com teor golpista, desinformação ou ataques às instituições.
Entre os recursos estavam os feitos por X, Rumble e Discord, que alegaram que o bloqueio de perfis representava uma censura prévia.
O Rumble voltou a ficar ao ar no país no início deste ano. Na ocasião, segundo a Reuters, o presidente-executivo, Chris Pavlovski, disse que o Brasil agiu “para rescindir sua ordem de censura ao Rumble”, sem fornecer mais detalhes, e creditou isso à vitória de Trump nas eleições.
Envolvimento com Trump e vice
A Rumble e o grupo de comunicação de Trump têm diversos negócios conjuntos.
A Truth Social, rede social que Trump criou em 2022, após ser banido do então Twitter e suspenso do Facebook, do Instagram e do Youtube, na esteira do episódio da invasão do Capitólio, virou anunciante da plataforma de publicidade da Rumble em 2021.
O grupo de Trump e o Rumble também fecharam um acordo de “tecnologia e serviços em nuvem”, que incluía vídeo e streaming para a Truth Social.
Como Meta e Zuckerberg também se aproximaram de Trump
Ainda segundo a Reuters, o vice-presidente de Trump, J.D. Vance, investiu no Rumble em 2021, o mesmo ano em que Trump entrou na plataforma.
Também em 2021, outro nome ligado a Trump apostou no Rumble: Peter Thiel. Ele, que também foi um primeiros investidores do Facebook, é conhecido com um dos fundadores da empresa que deu origem ao site de pagamentos on-line Paypal.
Thiel é apoiador antigo de Trump e doou dinheiro para suas campanhas em 2016 e 2020. Ele não tem cargo no atual governo, mas sua influência ajudou a emplacar J.D. Vance como vice.
Outros três nomes da gestão do republicano têm ligação com o Thiel e o site de pagamentos, integrando o grupo ficou conhecido como máfia do Paypal. Entre eles está Elon Musk, responsável por um departamento que recomenda corte de gastos ao governo, onde já coleciona polêmicas.
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Fonte: G1