Moradores de área de dissidência das Farc na Colômbia libertam 29 agentes após sequestrá-los

Quase 30 membros da polícia e um militar que foram sequestrados na quinta-feira (6) por moradores de um enclave guerrilheiro no sudoeste da Colômbia foram libertados e entregues a uma comissão governamental neste sábado (8).

A Defensoria Pública se encontrou com os 29 policiais e um integrante das Forças Armadas. À tarde, os reféns já haviam começado a sair da área escoltados por militares.

“Livres do sequestro, nossos 29 heróis da pátria”, escreveu no sábado em sua conta do X o ministro da Defesa, Pedro Sánchez.

Eles estavam em cativeiro em um centro de reuniões comunitário na localidade de La Hacienda, em uma região do departamento de Cauca conhecida como Cañón del Micay.

Os agentes de segurança foram escoltados por moradores até a vila vizinha de El Plateado e, pouco antes de chegar, foram recebidos por uma comissão da Defensoria, o órgão responsável por zelar pelos direitos humanos na Colômbia.

O Cañón del Micay tem uma das maiores áreas de plantio de coca na Colômbia e se tornou um reduto do Estado-Maior Central (EMC), um grupo dissidente das Farc que nunca aderiu ao acordo de paz entre a extinta guerrilha e o governo, em 2016.

No caminho para a vila, rodeado por plantações de coca, o major Nilson Bedoya, o único militar do grupo, disse que não conseguia parar de pensar na família.

Ao chegar a El Plateado, a caravana parou em um posto de gasolina onde estavam funcionários da ONU. No local chegaram também cerca de 20 militares armados, que fizeram a escolta. As autoridades do governo os aguardavam em Popayán, a capital do departamento.

Os agentes haviam sido retidos na quinta após um dia de confrontos entre moradores da região e as forças públicas, durante uma operação para combater o narcotráfico.

Neste sábado, antes da libertação, o ministro Pedro Sánchez disse em entrevista à W Radio que os sequestrados sairiam do cativeiro “pela sensatez” ou pela “força legítima do Estado”.

Ele e outras autoridades do governo do esquerdista Gustavo Petro se reuniram com moradores da região em Popayán para ouvir as propostas das comunidades.

As forças militares lançaram em outubro de 2024 a incursão militar “Perseo”, para retomar o controle do Cañón del Micay.

O governo de Petro propõe um ambicioso programa de substituição de cultivo de coca para reduzir a economia do narcotráfico, uma estratégia que os moradores da região denunciaram como uma campanha de “erradicação forçada” das plantações.

“Não haverá erradicação forçada dos cultivos (…) Aqui o que há é uma erradicação da planta de coca, mas que deve ser voluntária”, disse o ministro do Interior, Armando Benedetti, que afirma haver uma campanha de desinformação por parte dos cartéis.

O governo Petro considera que os habitantes da região foram instrumentalizados pelo EMC, enquanto as comunidades afirmam que uma militarização da região só traria mais confrontos.

noticia por : UOL