Bolsonaro faz live com advogado, que diz que país 'não tem maturidade' para lidar com delação

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma live nesta quinta-feira (20) ao lado de Paulo Amador da Cunha Bueno, um de seus advogados, que citou a delação de Mauro Cid como exemplo de que o país “não tem maturidade” para lidar com colaborações premiadas.

O advogado criticou a participação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, insinuando que o magistrado se excedeu em sua atuação no âmbito da colaboração de Cid, uma vez que o “juiz tem que se manter distante justamente para que haja credibilidade por parte dele”.

A live se deu em contexto de ofensiva do ex-presidente em meio à iminência de virar réu na trama golpista. O recebimento da denúncia contra ele será decidido no STF nesta terça-feira (25) e quarta (26).

Bolsonaro é acusado de de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de golpe de Estado, de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em uma organização criminosa. Se condenado, ele pode pegar mais de 40 anos de prisão e aumentar sua inelegibilidade, que atualmente vai até 2030.

O advogado também afirmou que a delação vai entrar na história “de maneira negativa” e afirmou que Cid foi esgarçado psicologicamente e recebeu benefícios irrecusáveis para fazer a delação.

O defensor comparou a situação de Bolsonaro à de Eliza Matsunaga, condenada por matar o marido em 2012. “Eliza Matsunaga foi condenada a 16 anos e três meses”, disse.

Bueno disse que o processo da trama golpista tem “inépcia” e “excessos”. Também afirmou que a “defesa se ressente de gravíssimos vícios ao longo desta investigação”.

O principal problema, afirmou, é a falta de acesso integral aos autos, tema levantado junto à OAB.

O advogado também falou que a investigação não conseguiu provar de maneira adequada a conexão entre eventos que, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), compõem a tentativa de golpe.

Ele minimizou o 8 de janeiro, o qual chamou de “episódio infeliz que não chega nem perto de golpe de Estado”, e disse ser inadequado ligar Bolsonaro, que estava nos EUA, ao episódio.

Citando fatos concatenados pela PGR na acusação, Bueno também falou sobre o “direito de desconfiar das urnas”. Ele afirmou que Brasil tem “pêndulo onde processos muito rumorosos oscilam entre impunidade ou abuso”, dizendo que o segundo caso seria o de Bolsonaro. “Esse processo é um dos filhos mais tortos da politização da Justiça”.

A live foi promovida para comemorar o aniversário de Bolsonaro, que faz 70 anos nesta sexta-feira (21). Participaram da transmissão os filhos Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, assim como a ex-primeira-dama Michelle.

noticia por : UOL