terça-feira, 15, abril , 2025 05:05

Noboa enfrentará Legislativo dividido em sua empreitada linha-dura no Equador

Comparado a Bukele, de El Salvador, e alinhado a Trump, presidente reeleito ignora protestos de opositora, que não reconheceu a derrota e denunciou fraude eleitoral. Daniel Noboa é reeleito presidente do Equador
Herdeiro de um império bananeiro, o presidente Daniel Noboa se reelegeu no Equador, apesar dos protestos da candidata opositora, Luisa González, que não reconheceu a derrota, classificada por ela como o resultado de “uma fraude eleitoral grotesca”.
Contrariando as pesquisas, que revelavam uma disputa apertadíssima entre os dois concorrentes, Noboa venceu com mais 10 pontos de diferença.
Ele ignorou solenemente as denúncias da discípula do ex-presidente Rafael Correa, que pede a recontagem dos votos, e assegurou que seguirá em frente na sua empreitada contra o narcotráfico e a criminalidade e pela recuperação da economia dolarizada.
“Essa vitória é histórica. Não há dúvida sobre quem é o vencedor”, atestou o presidente, que permanecerá no cargo até 2029.
Não será fácil seguir adiante. A Assembleia Nacional está dividida e sem maioria: seu partido Ação Democrática Nacional tem 66 das 155 cadeiras e enfrentará a opositora Revolução Cidadã, com 67.
O projeto linha-dura do presidente equatoriano é alinhado com o de seu homólogo em El Salvador, Nayib Bukele, nas ações de combate ao crime organizado do país que se transformou num dos mais violentos do mundo. Prevê a construção de prisões de segurança máxima, a militarização do país e a expansão dos poderes do Executivo por meio de decretos.
O primeiro mandato, de apenas 16 meses, mostrou que os resultados de seu Plano Fênix, que permite às Forças Armadas intervirem em prisões e nas ruas, ainda está longe de surtir os efeitos esperados. O Equador ainda registra uma morte a cada hora.
Na véspera do segundo turno, Noboa não hesitou em reafirmar sua autoridade, ao decretar estado de emergência e toque de recolher por dois meses em 7 das 24 províncias do país, em Quito e no sistema penitenciário.
Portador de dupla cidadania, por ter nascido há 37 anos nos EUA, Daniel Noboa aproximou-se de Donald Trump, na rota inversa da grande maioria dos líderes latino-americanos. Não apenas assistiu à posse, em janeiro, como se reuniu com ele há duas semanas em Washington.
No momento de agitação global, Noboa elogiou a política tarifária do presidente americano e garantiu que seu país se beneficiará da taxação de 10%. Reeleito, não descarta, inclusive, o retorno de bases militares estrangeiras ao país, proibidas pela Constituição.
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Fonte: G1