Os vereadores da Câmara de Cuiabá conseguem uma proeza política, tornar pior o que está ruim. Ao trocar o trabalho sério sobre discussões que interessam à população, ao alcance do legislativo municipal, por ações eleitoreiras e ideológicas, colocam-se como legítimos representantes da Câmara Zero, total nulidade de representação política que prestam resultados efetivos para quem votou e para quem paga os gordos salários: o cidadão cuiabano.
A moção de repúdio aprovada contra os deputados estaduais é um exemplo pronto e acabado da Casa dos Horrores contra a Assembleia Legislativa. O embate entre o parlamento estadual e o governo de Mato Grosso sobre os mercadinhos nos presídios é um problema que foge à competência dos vereadores. Os vereadores transformaram a Câmara num “mercadinho” de negócios eleitoreiros.

O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) saiu em defesa da Assembleia Legislativa e dos colegas deputados, dizendo aquilo que a população cuiabana sabe muito bem: os vereadores “tem mais o que fazer”. A moção de repúdio que a Câmara de Cuiabá aprovou contra os parlamentares estaduais após a defesa de mercadinhos nos presídios de Mato Grosso é espuma ideológica para esconder a submissão da atual legislatura aos caprichos do prefeito bolsonarista Abílio Brunini (PL).
“Vereador tem mais o que fazer do que propor moção de repúdio contra o parlamento estadual. O que o vereador precisa é fiscalizar os atos do prefeito, cobrar o fim da taxa de lixo em Cuiabá, cobrar o fim da buraqueira, enfrentar as filas na saúde pública, colocar a educação para funcionar com a qualidade que as nossas crianças merecem. É esse o esforço que a Câmara precisa colocar toda a sua energia”, afirmou o deputado estadual ao site Gazeta Digital.
O governador Mauro Mendes (União) fez ataques também à Assembleia Legislativa por ter votado de forma secreta o veto do Executivo ao trecho da lei que liberava o funcionamento de mercadinhos dentro de presídios do Estado. Mauro Mendes quer a transparência da conveniência, expor a Assembleia aos ataques da extrema-direita que se lixa para os direitos humanos. Na lógica extremista, presídio é um matadouro, lugar para apodrecer bandido. A lei que se exploda, essa é a lógica do estado do vale tudo.
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso, ao contrário do governo, está tratando da questão dos mercadinhos nos presídios com a devida transparência e legalidade. É assim que deve ser, um debate democrático de interesse da sociedade, sem jogadas eleitoreiras e sem ideologias. O desembargador Orlando Perri, decano do TJMT, está liderando estas discussões no âmbito do Poder Judiciário.
Restam duas perguntas aos vereadores da Casa dos Horrores:
1 – O que vão fazer contra o Tribunal de Justiça?
2 – Vão votar moção de repúdio também contra o desembargador Orlando Perri?

Fonte: PH Online