A cerimônia da chegada do caixão do papa Francisco à Basílica de São Pedro, ocorrida nesta manhã, nem tinha terminado quando a fila de fiéis e turistas já se formava do lado de fora, na praça, para entrar na igreja e ver de perto seu corpo. No começo da tarde (9h de Brasília), pessoas que estavam saindo da basílica relatavam ter passado cerca de três horas em todo o processo.
Depois de quase dois dias de velório reservado na capela da Casa Santa Marta, onde o papa morava dentro do Vaticano, a chegada do caixão à basílica marcou o início do velório aberto ao público. Até sexta-feira (25), será possível se despedir do papa, e estima-se que 1,5 milhão de pessoas possam passar pelo local. O funeral será no sábado (26), com a missa pela manhã.
Diante da movimentação, o Vaticano estuda ampliar o horário de entrada para além da meia-noite, como era previsto para esta quarta e quinta.
Por volta das 9h de Brasília (começo da tarde na Itália), a fila estava dando a volta na colunata da praça, que mede 240 metros de diâmetro. A maioria parecia resistir, mas havia também quem desistia ao saber que a espera duraria horas. Havia também queixas da falta de organização, já que outras filas, como para passar pelo detector de metais, confundiam os recém-chegados.
Pessoas com dificuldade de mobilidade tinham acesso facilitado. Debaixo do sol e com temperatura pouco acima dos 20 graus, guarda-chuvas foram sacados das mochilas. Mesmo a reportagem, com acesso facilitado para a imprensa, precisou de duas horas para a entrada em pequenos grupos dentro da basílica.
Quem persiste na fila entra na São Pedro pela porta santa, aberta em dezembro em função do Jubileu da Igreja, que ocorre a cada 25 anos. Lá dentro, é preciso percorrer todo o corredor da nave central até o altar da Confissão, onde o caixão foi colocado.
“Irmãs, não parem de andar”, disse um segurança ao repreender um grupo de religiosas que diminuíram o passo logo após avistar o corpo de Francisco. Todos querem ver o papa e todos querem fotografar o papa. Quando a fila se aproxima do caixão, grande parte empunha o celular e começa a filmar ou fotografar. Um gesto tão comum como o sinal da cruz com a mão.
É impreciso chamar esse grupo de “fiéis”. Entre aqueles que se dedicam a esperar horas para ver o papa, tem um pouco de tudo. Tem turistas, que viram coincidir suas férias com um evento histórico, tem peregrinos, que tiveram cancelados seus acessos prioritários, tem famílias com crianças, já que parte da Itália está em pausa escolar por causa da Páscoa. Tem os moradores da capital italiana, padres, freiras e, sim, os fiéis. Alguns que passam pelo caixão se comovem.
“Foi uma emoção enorme. Poder ver tantos rostos emocionados, de jovens, crianças, idosos. É uma sensação profunda que faz bem para o coração”, disse à Folha Angelo Oliveri, 28, que mora em Roma e estava na praça São Pedro desde cedinho para pegar um lugar e assistir à chegada do caixão na basílica. Acabada a cerimônia, ele entrou na fila e passou mais de três horas nela. “Vale a pena. Teria ficado até mais na fila se necessário.”
noticia por : UOL
