Os vereadores de São Paulo aprovaram nesta terça-feira (29) um projeto de lei do prefeito Ricardo Nunes (MDB) que divide em duas parcelas anuais o reajuste de 5,2% para os salários dos servidores municipais em 2025. A primeira parcela, de 2,6%, será em maio deste ano e, a segunda, de 2,55%, em maio do ano que vem.
O mesmo índice será aplicado a reajustes do auxílio-refeição e do vale-alimentação, assim como os vencimentos dos servidores comissionados, aposentados e pensionistas. A estimativa da prefeitura é que o reajuste acrescente R$ 1,2 bilhão em pagamentos de salários.
Foram 34 votos a favor e 17 contrários ao projeto. A votação, em segundo e definitivo turno, ocorreu sob protestos de uma multidão de funcionários públicos municipais. Os manifestantes ocuparam todas as faixas do viaduto Jacareí, em frente ao prédio da Câmara Municipal. O trânsito de veículos foi desviado para os arredores.
O Sindsep, que é o sindicato dos servidores municipais, alega que, na prática, a reposição neste ano será de apenas 2,6% –metade da inflação de 5,2% apurada pelo IPC-Fipe entre março de 2024 e março de 2025, data-base da categoria.
Já a gestão a gestão Nunes afirma estar aplicando a inflação. Especificamente sobre os professores municipais, a prefeitura diz que a categoria recebeu aumento de até 45% em 2024.
O Sinpeem, sindicato dos profissionais da educação, reclama que esse valor acumulado foi aplicado ao longo dos últimos anos apenas para profissionais que ganham pisos das suas respectivas carreiras.
Além disso, o pagamento é na forma de abono e não se estende a benefícios, aposentadorias e pensões. A categoria cobra a incorporação desses ganhos a todos os salários e benefícios.
Professores da prefeitura paralisaram as atividades na última quarta-feira (16), em protesto contra a proposta de reajuste salarial. Com a aprovação da proposta, esses servidores decidiram manter a paralisação.
Essa foi a segunda greve do funcionalismo municipal do ano. Nunes chegou a dizer que puniria os servidores que parassem, sobretudo os professores. “Estamos monitorando para fazer a punição daqueles que utilizarem desse tipo de recurso contra a educação, contra as crianças”, disse.
Sessão tem ofensas, agressões e acusação de racismo
A vereadora Cris Monteiro (Novo) fez uma declaração considerada racista por servidores municipais que protestavam na Câmara nesta terça contra a proposta.
Após ser interrompida por vaias de funcionários públicos que acompanhavam a sessão na galeria, a vereadora afirmou que incomodava o grupo por ser “uma mulher branca, bonita e rica”. Alguns dos manifestantes eram pardos e pretos.
“Quando vocês [vereadores de oposição] falaram, ninguém [nas galerias] se manifestou. Agora, quando vem uma mulher branca aqui falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Por quê? Por que uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês, mas eu estou aqui representando uma parte importante da população que me elegeu”, disse Cris Monteiro, que faz parte da base de apoio de Nunes.
A frase provocou intensa discussão entre os vereadores e a sessão foi interrompida por alguns minutos.
No retorno, a vereadora pediu desculpas e afirmou que não pretendia ofender.
O presidente da Câmara, vereador Ricardo Teixeira (União Brasil), afirmou que a fala foi analisada e que ele considerou que não houve racismo.
Mais adiante, os vereadores Rubinho Nunes (União) e Toninho Vespoli (PSOL) trocaram agressões. Rubinho tentou tirar um cartaz das mãos de Vespoli, que o puxou de volta e bateu com o papel nas costas de Rubinho. O cartaz dizia “vagabundagem é vereador que quer lacrar na internet”.
Ao longo da sessão, diversos vereadores favoráveis à proposta governista chamaram professores, que estão em greve, de vagabundos.
Houve ainda um princípio de tumulto do lado de fora da Câmara e policiais usaram gás de pimenta contra manifestantes.
noticia por : UOL