segunda-feira, 19, maio , 2025 04:13

Kleber Mendonça Filho: 'O Agente Secreto' foi filme 'difícil', mas experiência 'feliz'

Eu gosto muito das caras do filme, da coleção de rostos: tem pessoas indígenas, negras, a mistura de branco, negro e indígena, pessoas altas e baixas, gordas, magras, lindas, feias, sem dente, com dente. Eu gosto muito dessa variedade humana.

E é muito o Brasil dentro de um contexto histórico também. Em 77, o Brasil tinha 90 anos da abolição da escravidão. É um dado interessante. Não é a mesma relação com a raça de hoje. São 50 anos em que melhoramos um pouco, ainda num país muito racista.

P: “O Agente Secreto” surge depois de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que ganhou o primeiro Oscar (de melhor filme internacional) da história do cinema brasileiro. Teme que esse sucesso atrapalhe? 

R: Não me parece que seja uma ação natural somar e não subtrair. Até porque são filmes… São como dois irmãos muito diferentes. Não, eu não tinha pensado dessa forma. Acho que ‘O Agente Secreto’ chega para expandir um universo que já foi apresentado no filme de Walter. Acho que sim.

P: Você tem aproveitado a boa recepção em Cannes para pedir mudanças no cinema brasileiro. Quais deveriam ser estas mudanças?

R: Eu acredito que a sala de cinema constrói o caráter de um filme. Os meus filmes têm tido um impacto muito bom em sala de cinema. “Retratos Fantasmas”, meu filme anterior, que é um ensaio, foi visto por quase 100 mil espectadores. Então, eu acho que esse filme terá uma boa exposição na sala de cinema. Mas esse é um problema que o Brasil precisa resolver: uma política pública de investimento na formação de público e na construção de salas de cinema populares, porque nós temos poucas boas salas populares no Brasil.

noticia por : UOL