sábado, 31, maio , 2025 10:01

Haddad faz Congresso optar entre emendas e apoio da Faria Lima

A confusão se instalou quando Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, disse que Haddad havia tratado das mudanças com Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. Minutos depois o próprio ministro desmentiu publicamente a conversa. “A zona já está instalada, a polêmica está pegando fogo”, observou Bilenky. Na mesma noite, Haddad recuou na decisão sobre os fundos multimercados.

Toledo encomendou um monitoramento da repercussão e chegou a uma conclusão surpreendente: “Fiquei muito impressionado com a rapidez com que memes foram disparados contra o Haddad. Não só pela velocidade, mas pela qualidade do roteiro.” Diferentemente de outras crises, esta não veio das redes bolsonaristas. “As redes bolsonaristas não entraram com tudo. Elas foram até tímidas para comentar o assunto.”

A repercussão foi muito maior nos portais e blogs do que no WhatsApp e Telegram. “Não foi uma coisa orgânica. Foi uma coisa que teve muito mais repercussão na imprensa do que nas redes”, concluiu Toledo, indicando que veio dos próprios interessados que seriam taxados.

O IOF mirou em dois alvos que explicam a reação coordenada: o VGBL (previdência privada) e o “risco sacado” – operações intermediadas pelos bancos entre fornecedores e grandes redes de varejo. “Todo mundo que tem conta em um grande banco recebe, no mínimo, uma ligação por mês do seu gerente querendo te enfiar um VGBL”, explicou Toledo. A reação foi imediata: “Sábado e domingo deu expediente bancário, pela primeira vez no Brasil, para diretores, presidentes e vice-presidentes de grandes bancos.”

Mas a grande jogada política veio no jantar de quarta-feira na casa do presidente da Câmara Hugo Mota. Haddad levou Gleisi Hoffmann, responsável pelas emendas parlamentares, com uma mensagem clara: “Vocês querem derrubar? Pode derrubar, mas eu vou cortar 20 bilhões das emendas parlamentares.”

“O Haddad saiu dessa reunião com uma vitória temporária”, avaliou Toledo. O ministro ganhou dez dias para apresentar um plano de corte de isenções fiscais. O dilema está posto: o Brasil tem mais de 800 bilhões em isenções, e os setores mais beneficiados são o agronegócio e a Zona Franca de Manaus – bases eleitorais importantes no Congresso.

noticia por : UOL