sexta-feira, 13, junho , 2025 06:09

Metrô reforça segurança em estações após morte de passageiro em porta de plataforma

O Metrô de São Paulo reforçou desde o mês passado o número de seguranças, principalmente, em estações onde estão sendo instaladas portas de plataforma ou nos lugares que elas foram recém implantadas.

A medida foi tomada após a morte de Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, 35, em 6 de maio. O passageiro morreu depois de ficar preso entre o trem e a porta da plataforma da estação Campo Limpo da linha 5-lilás.

Apesar de o acidente ter sido em uma linha terceirizada, gerenciada pela ViaMobilidade, o Metrô reforçou o número de pessoas junto ao embarque nas estações de maior fluxo em horários de pico das linhas públicas.

Às 17h30 da última terça-feira (10), a reportagem registrou a presença de ao menos 12 funcionários e seguranças —esses com uniforme de uma empresa terceirizada —junto ao embarque de passageiros na estação Santa Cecília, da linha 3-vermelha. Era praticamente um para cada porta do trem que parava sentido a estação Palmeiras-Barra Funda.

A estação Santa Cecília é uma das que está recebendo portas de plataforma, que ainda não estão em operação. Elas já estão instaladas, mas ainda não funcionam —há faixas amarelas e preta informando que estão em implantação.

Um segurança disse, informalmente, que havia risco de algum passeiro se confundir com o vão aberto e com os vidros ao lado.

Afirmou que estava ali para evitar acidentes com as portas, apesar de elas ainda não estarem em funcionamento.

Esses seguranças ficam junto às guarnições das portas observando o entra e sai dos passageiros. A reportagem ficou cerca de 30 minutos no local e não viu nenhuma orientação ser dada.

O Metrô confirma o reforço. Para auxiliar no embarque e desembarque, a empresa diz ter remanejado colaboradores que ajudam os funcionários na orientação dos passageiros nas plataformas em locais de maior fluxo.

“Esse quadro já atuava nas dependências do Metrô de São Paulo, provenientes de dois contratos feitos por meio de licitação e vigentes desde 2021 e 2024”, diz.

Os reforços na linha 3-vermelha estão, por exemplo, nas estações Itaquera e Tatuapé, cujas portas de plataforma entraram em operação em maio.

Nas estações Marechal Deodoro e Santa Cecília, também da linha 3, elas começam a funcionar em agosto. Na Sé, a mais movimentada do sistema, a previsão é para novembro.

Atualmente, 29 estações operadas pelo Metrô já contam com portas de plataforma em funcionamento, e outras 27 estão em processo de implantação ou programadas.

Segundo o Metrô, o acidente do mês passado foi o primeiro caso de morte relacionada às portas de contenção na cidade de São Paulo.

Antes, na manhã de 24 de março, uma passageira ficou presa entre a porta de segurança e o vagão na estação Vila Prudente da linha 2-verde, que é da estatal. A composição teve de ficar parada para a retirada da mulher.

Ela não ficou ferida e dispensou atendimento médico, segundo a companhia estadual.

Imagens que circularam nas redes sociais mostram a mulher presa no pequeno espaço entre as portas de segurança e a composição. Ela mal conseguia se mexer.

Por causa da morte do passageiro Lourivaldo, a ViaMobilidade começou a preparar as portas de plataforma da linha 5-lilás para a instalação de barreiras físicas e, assim, tentar impedir que pessoas fiquem prensadas junto aos trens.

O projeto, desenvolvido pela própria empresa, começou a ser instalado após autorização da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), responsável pela regulação das concessões estaduais.

Conhecidas como gap fillers, de acordo com a ViaMobilidade, as barreiras são estruturas fabricadas sob medida para reduzir o vão entre o trem e a plataforma.

No dia do acidente e nos que se seguiram, a empresa reforçou o pessoal junto às plataformas..

Questionada se há reforço, a ViaMobilidade e a ViaQuatro, empresa do mesmo grupo, a Motiva (antiga CCR), que administra a linha 4-amarela do metrô, dizem que, de segunda a sexta-feira, adotam estratégias operacionais para os horários de maior movimento, priorizando a presença de agentes de atendimento e segurança nas plataformas com maior fluxo.

“Essa atuação faz parte da rotina operacional das concessionárias, com o objetivo de ampliar a orientação, o auxílio e a segurança dos passageiros, conforme a demanda observada em cada estação”, diz, em nota.

“Além disso, a sensação de aumento [de funcionários] pode ter sido influenciada pela atuação prática de equipes em treinamento e o uso reforçado de coletes refletivos, que facilitam a identificação.”

noticia por : UOL