Principais programas para acesso ao ensino superior particular encolhem no país

Os principais tipos de bolsa para acesso ao ensino superior particular no país encolheram nos últimos quatro anos. Além dos programas governamentais, os auxílios ofertados pelas próprias faculdades para os estudantes também tiveram redução.

Os dados são do Mapa do Ensino Superior no Brasil, publicado nesta quarta-feira (12) pelo Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior), que representa faculdades privadas.

A rede particular é responsável por 79,3% das matrículas do ensino superior do Brasil. Depois de uma expansão das políticas de bolsa, o país tem vivido um encolhimento dessas ações, o que pode dificultar o acesso a essa etapa do ensino.

O Brasil tinha como meta chegar até 2024 com 33% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior. Até 2023, no entanto, a taxa chegou a apenas 19,9%.

Como o país não tem expandido o número de vagas em universidades públicas, as bolsas e os programas de financiamento para cursar faculdades privadas são vistas como uma alternativa para estudantes mais pobres. O enxugamento dessas políticas, portanto, dificulta o acesso da população mais vulnerável ao ensino superior.

Segundo o relatório, o país chegou a ter 5,8% dos ingressantes com bolsas do Prouni (Programa Universidade Para Todos), em 2019. Em 2023, no entanto, esse patamar caiu para 2,6% dos ingressantes. O programa do governo federal concede bolsas integrais ou parciais para alunos de baixa renda estudarem em faculdades privadas.

O número total de matriculados com bolsas do Prouni também segue com consecutivas quedas desde 2019. Naquele ano, 455.597 alunos tinham bolsa integral e 160.677 tinham bolsas parciais. Em 2023, caíram para 337.602 e 66.369, respectivamente. Ou seja, houve uma queda de 25% nos alunos com bolsas integrais e de 60% naqueles que têm bolsas parciais.

Para o Semesp, a queda, sobretudo entre os alunos com bolsas parciais, se deve ao fato de os jovens de baixa renda não conseguirem nem mesmo pagar metade do valor das mensalidades.

Outro principal programa do governo federal para custear mensalidades no ensino superior privado é o Fies (Financiamento Estudantil), que também vive forte redução desde 2014. Naquele ano, mais de 733 mil contratos de financiamento foram assinados no país. Em 2024, apenas 22 mil foram assinados —uma redução de 97% em uma década. Diferentemente do Prouni, no Fies o governo paga as mensalidades para as instituições e o aluno fica com a dívida para ser quitada após o fim do curso.

Até mesmo as bolsas concedidas pelas próprias faculdades particulares, modalidade que sempre foi a que mais beneficiou ingressantes no país, seguem com consecutivas quedas no país desde 2020. Naquele ano, 38,5% dos ingressantes tinham algum tipo de bolsa pelas instituições de ensino. Em 2023, esse índice caiu para 30,5%.

noticia por : UOL