O Brasil tem 170 pódios em Jogos Olímpicos. Entre esportes individuais e coletivos, 609 atletas receberam medalhas, dos quais 61% são do eixo formado por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Na edição mais recente do megaevento, em Paris, no ano passado, a delegação que representou o Brasil tinha 62% de atletas nascidos em estados da região Sudeste, que inclui também o Espírito Santo.
Há no COB (Comitê Olímpico do Brasil) o entendimento de que é necessário descentralizar a formação dos competidores de elite para oferecer oportunidades ao redor do país e fortalecer as demais regiões.
Para isso, o comitê deu início neste mês a um processo de mapeamento de estruturas esportivas que possam receber uma nova certificação como qualificadas para o desenvolvimento de atletas. Serão listados também espaços que não demandam muito investimento para alcançar esse nível.
“A ideia é identificar no cenário brasileiro o nível das instalações que existem, classificá-las de acordo com uma série de requisitos e orientar como essas instalações podem evoluir dentro de seus níveis, fazendo com que atendam aos requisitos necessários para a prática de alto rendimento”, disse Jorge Bichara, consultor de esportes do COB, à Folha.
Os parâmetros dessa certificação ainda estão sendo discutidos pelo comitê, mas os principais aspectos para classificar um determinado centro de treinamento serão a quantidade de modalidades oferecidas, a disponibilidade de alimentação para os atletas, os serviços de hotelaria e a qualificação dos profissionais que compõem a comissão técnica.
O COB espera concluir o mapeamento até dezembro, quando vai apresentá-lo a seus parceiros e ao Ministério do Esporte. “Com essa certificação, a gente consegue ser mais assertivo para destinar os investimentos públicos e privados”, afirmou Bichara.
O modelo de gestão dos equipamentos esportivos ainda está em debate. Alguns vão ser geridos de forma exclusiva pelo comitê, e outros terão parcerias com entidades como o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).
Esse será o caso, por exemplo, do CFO (Centro de Formação Olímpica) de Fortaleza, no Ceará, atualmente sob a gestão do IDM (Instituto Dragão do Mar), com recursos da Secretaria do Esporte e Juventude do Governo do Estado do Ceará.
O local estava no radar do COB desde a posse do presidente Marco Antônio La Porta, em janeiro deste ano. Nesta sexta-feira (25), a nova diretoria completa cem dias de trabalho.
“Esse espaço tem instalações esportivas altamente qualificadas, salvo a pista de atletismo, que precisa realmente de reformas”, disse o consultor do COB. “E ele tem uma posição estratégica para a reunião Norte-Nordeste, com voos diretos para a Europa e para os Estados Unidos. Isso é muito interessante para o intercâmbio de atletas para a Europa e vice-versa.”
Atualmente, o principal centro de formação olímpica do país fica no Rio de Janeiro, na sede do COB, na Barra da Tijuca, onde estão concentrados o Parque Aquático Maria Lenk, o CT de Ginástica Artística, o Centro de Saúde e Performance e o Laboratório Olímpico. São Paulo e Minas também possuem estruturas robustas.
Embora tenha como meta descentralizar o desenvolvimento dos atletas, o COB pretende buscar novos espaços também nas regiões Sul e Sudeste.
“A gente continua entendendo que é muito importante que Rio, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul estejam muito fortes. Mas a gente precisa que outros estejam fortes também. O Norte e o Nordeste têm um potencial muito grande de desenvolvimento de atletas de valores”, afirmou Bichara.
Quando concluir a etapa de mapeamento dos espaços, o COB vai implementar o Sistema Nacional de Centros de Treinamentos, uma plataforma que terá o objetivo de conectar os equipamentos e permitir o compartilhamento de suas práticas.
“Além de metodologias de treinamento, vamos poder compartilhar modelos de gestão administrativa, como formas de ter uma gestão econômica de hotelaria ou de uso de energia, por exemplo”, disse o dirigente.
noticia por : UOL