Duas médicas tiveram seus nomes e imagens usados indevidamente em um anúncio de Wegovy e Mounjaro na internet. As endocrinologistas registraram boletim de ocorrência contra o site que faz a falsa comercialização dos medicamentos.
Os fármacos, usados no tratamento de diabetes e obesidade, só podem ser vendidos em lojas físicas e sites oficiais de farmácias e drogarias, com apresentação de receita médica, segundo determinou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Medicamentos vendidos por sites em geral, influenciadores, vendedores ambulantes ou outros estabelecimentos têm procedência incerta, segundo alerta a agência.
O site em questão anuncia uma consulta com a endocrinologista Rachel Franchim, de Campinas (SP), usando a foto da também endocrinologista Ana Merten, de Itatiba (SP), para então receber a receita e comprar as canetas emagrecedoras. As duas médicas abriram boletim de ocorrência ao tomarem conhecimento da situação, segundo confirmou Merten à Folha.
“Situações desse tipo são muito estressantes. É triste ver como pessoas mal-intencionadas se utilizam da imagem de profissionais com credibilidade para cometer crimes na internet. As pessoas que têm alguma doença estão em situação de vulnerabilidade, então se tornam vítimas fáceis. Realmente espero que os responsáveis sejam punidos”, diz a endocrinologista.
A Folha entrou em contato por WhasApp com o número disponibilizado no site medbitmedicamentos.com.br. Em resposta ao pedido de posicionamento, a empresa enviou uma notificação solicitando que seu nome não fosse veiculado, sob ameaça de pedido de indenização por danos morais e materiais.
Durante a tarde desta quarta (14), o site removeu o anúncio de consulta Rachel Franchim e com a foto de Ana Merten.
O site anuncia a venda de Wegovy (semaglutida), com o nome e o selo do fabricante Novo Nordisk, por valores que vão de R$ 887 a R$ 1.885, a depender da quantidade de canetas. Em nota, a farmacêutica disse que conta com um sistema de monitoramento global que solicita a desativação de sites falsos de venda de seus produtos e que já o acionou para derrubar o domínio em questão.
O site também anuncia a venda do Mounjaro (tirzepatida), com o nome da fabricante Eli Lilly, por valores que vão de R$ 1.744,99 a R$ 4.087,65. Em nota, a farmacêutica também disse que está tomando medidas legais junto às autoridades e que vê com muita preocupação o uso indevido de suas marcas, podendo levar o cliente a acreditar que o produto fora fabricado pela empresa.
O uso de versões falsificadas de medicamentos como Ozempic e Mounjaro vem causando hospitalizações e mortes no Brasil e no mundo. A Novo Nordisk disse que trabalha em colaboração com autoridades que investigam atividades de falsificação, como a FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora americana) e a Anvisa, para proteger a segurança dos pacientes.
O golpe usa o nome da empresa de produtos hospitalares Medbit (medbit.com.br), que colocou um alerta para fraudes em sua homepage. Procurada, a empresa disse que já informou os órgãos de segurança sobre a situação.
Os logotipos da Anvisa e do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) também aparecem nos anúncios para dar credibilidade. “Esses anúncios são falsos! A Anvisa não comercializa ou intermedia a venda de qualquer medicamento. Se você encontrar publicações desse tipo, denuncie! E não clique em links relacionados”, alertou a agência.
O Cremesp também diz que repudia veementemente o uso indevido de seu logo e que tomará as medidas cabíveis. “O Conselho reforça que, caso o médico tenha conhecimento de que seu nome e/ou CRM estão sendo utilizados por terceiros, é imprescindível que o profissional registre um boletim de ocorrência e comunique ao Cremesp”, informou em nota.
noticia por : UOL