Os insanos, por aqui, vibraram, e até na imprensa apareceu quem achasse a sanção muito razoável, entendendo que cabe mesmo aos EUA o papel não só de Polícia do Mundo como o de coordenação de uma Justiça Global. E, afinal, como sabemos, liberdade de expressão é realmente sagrada no governo Trump, não é? As universidades que o digam… Mas se pode defender sem susto por lá a limpeza étnica na Faixa de Gaza, é claro!
A tal “Lei Global Magnitsky”, um dos presentinhos indigestos que o governo Obama legou como herança em sua política externa a seu modo caótica — a de Trump o é de outro modo —, busca, na intenção ao menos, combater a corrupção e a agressão aos direitos humanos. Foi aprovada em 2012 para punir autoridades russas pela morte do advogado Sergei Magnitsky. Em 2016, foi alterada para espalhar seus efeitos mundo afora sob o pretexto de enfrentar corrupção, tortura, execuções, desaparecimentos e prisões arbitrárias. Sabem como é… Para ter uma Guantánamo, é preciso também ter uma máquina de guerra… Alguém ousaria dizer que Moraes se enquadra em um desses casos?
VAI ACONTECER?
Não sei. Lá está Eduardo, com contatos, sim, no Partido Republicano, que mora nos EUA com o fim declarado de articular punições contra um membro do Judiciário brasileiro.
Na esfera legal propriamente, Bolsonaro, e o mesmo vale para os extremistas que o cercam, sabe que não há chance de ele obter algum benefício pessoal com isso. Ou alguém supõe que, se o ministro for punido, haverá uma chance de, sei lá, o tribunal ceder à pressão?
O primeiro e imediato movimento seria a união do tribunal — e suponho que os dois ministros nomeados pelo “Mito”, que ele chama de “meus 20%” — em defesa do magistrado. Afinal, não se trataria de uma agressão a um juiz em particular, mas a todo Judiciário. Ou um dos Podres da República no Brasil passaria a ser laçada pelo Departamento de Estado dos EUA.
E a corda não estaria sendo posta só na cabeça do Poder Judiciário. Com todas as suas óbvias imperfeições, o Brasil é uma das maiores democracias do mundo. Existe até autonomia universitária por aqui, não é mesmo? Pergunta rápida de resposta óbvia: o Parlamento brasileiro não se colocaria na fila de uma eventual sanção?
noticia por : UOL