domingo, 25, maio , 2025 09:13

Cortejo de maracatu ocupa o centro de São Paulo e celebra a cultura popular

O cortejo de maracatu da Virada Cultural 2025 levou a cultura popular às ruas do centro de São Paulo na noite deste sábado (24), reunindo um público expressivo e 12 grupos vindos de diferentes regiões do estado, não apenas da capital.

A concentração começou no largo do Paissandu e o trajeto seguiu até o viaduto do Chá, retornando ao ponto de partida. Apesar do impacto cultural do evento, a apresentação enfrentou falhas estruturais que afetaram sua execução.

O início do cortejo ocorreu com cerca de uma hora de atraso. Além disso, segundo um percussionista participante, não houve ensaio conjunto entre os grupos, o que comprometeu a harmonia entre os coletivos: as baterias apresentaram variações rítmicas distintas, gerando descompassos e desafinação sonora ao longo do percurso.

O músico também criticou a falta de estrutura adequada para a quantidade de músicos presentes, ressaltando a ausência de um carro de som e de suporte técnico mínimo, o que dificultou ainda mais a organização sonora do cortejo. Para ele, a ausência desse suporte demonstra descaso da prefeitura com os grupos de cultura popular.

Alguns espectadores reclamaram da passagem de motos da Polícia Militar e da presença de uma base da PM montada no meio do cortejo, o que causou desconforto e interrupções durante a apresentação. Ainda assim, o cortejo atraiu um número significativo de pessoas e reafirmou a presença da cultura popular nas ruas centrais da cidade, com forte participação de grupos provenientes de bairros periféricos.

“Sou moradora da periferia, do Capoeirão, e acompanhei o cortejo no centro. Conheço vários dos grupos que se apresentaram, principalmente os da minha comunidade, como o Bac Atitude e os maracatus do São Luís e do Redondo. É muito importante ver essa presença da cultura popular na Virada Cultural, especialmente quando são iniciativas que atuam o ano inteiro nos territórios onde estão inseridas”, afirmou Vitória, professora de língua portuguesa.

Outra participante, Claudete Monteiro, ressaltou a importância do evento para a valorização das expressões culturais: “A Virada Cultural é fundamental porque traz o público para a rua e valoriza as manifestações artísticas populares. A arte tem o papel de contar a vida, a história e mostrar a diversidade cultural de São Paulo”.

Para Dandara Monteiro, do grupo Baque CT, de Cidade Tiradentes, a presença do maracatu no evento é motivo de celebração: “Essa valorização da cultura popular brasileira é muito importante. O maracatu é uma tradição do Recife e ver essa manifestação ganhando espaço em São Paulo, dentro da Virada Cultural, é gratificante. Fico feliz porque por muito tempo não tivemos essa visibilidade. É essencial levar esses grupos às ruas para mostrar que nossa cultura está viva e presente”.

Mesmo com as dificuldades na execução, o cortejo cumpriu um papel simbólico ao reafirmar a cultura popular, vinda das periferias e de outras regiões, no coração da capital paulista. A ocupação do espaço público por essas manifestações tradicionais, ainda que marcada por falhas de organização, evidencia a importância e a resistência dessas expressões culturais.

noticia por : UOL